[Filler - D] Lanços de Família - Inaba

If you catch me in my zone it may be you lucky day

Ainda lembro de cada detalhe, do silêncio daqueles dias, quebrado apenas pelas passos que entravam e saíam pela porta de madeira rústica daquele quarto aos fundos do casarão abandonado, a luz baixa proveniente apenas de duas velas que se instalavam em dois criados mudos, um a minha direita e outro a minha esquerda, a espaçosa cama de casal com mantas finas me cobrindo e o teto pesado a minha frente, com sua estranha imperfeição com o formato de grama, levemente a minha esquerda, em tons negros sobre a supremacia branca que reinava no resto.

Ainda posso sentir o toque gélido da mão de minha mãe, em contraste ao calor intenso de minha testa que ardia em febre. Minha mãe me dizia em um tom trêmulo de preocupação que meu nome me era dado por que desde pequena eu levava jeito para desordeira, já nasci de olhos abertos e procurando aonde aprontar. Em uma dessas peripécias oriundas deste traço, sobre o alto de uma cachoeira, custou mais caro que o de costume. Em um deslize sobre as pedras recobertas de lodo, que findava meus saltos de entusiasmo as pedras ao fundo do rio foram meu ultimo encontro que me lembro, salvo a sensação de que algo me abraçou e me retirou da água.

Tinha apenas seis anos quando tudo aconteceu, sequer teria inciado no mundo como uma ninja. Os passos no corredor me ressaltando a aproximação de alguém, minha mãe, sentando-se ao meu lado como de costume com seu rosto parcialmente iluminado pela vela. Trocava os panos úmidos, tocava os ossos fraturados em meu dorso que por um milagre não perfurariam nenhum órgão e me contava mais algumas de suas histórias.

Minha família nem sempre esteve em Midori, em suas histórias, haviam ressalvas constantes disto e também como eles e os Sarutobi por fim acabaram com uma grande amizade. Em meus próprio sangue, sem herança de poderes ou traços, o sangue daquela família estaria presente de maneira longínqua, por um dos casamentos que se passaram dentre ambas. Em batalhas ou em festas, sempre estiveram lado a lado e desenvolveram um vínculo forte e apesar de a minha família estar ausente de Midori, em nosso retorno para cá nos reencontramos com eles.

Era o de costume que ela me falava, entretanto, tinha um certo peso diferente em seu discurso. Ao final me foi descrito o que se escondia por trás de seu doce tom e mistério impregnado, uma garotinha me era apresenta, sua pele era morena como pouco eu havia visto antes, sua personalidade já era forte mesmo aqueles dias. Era a minha salvadora. Os braços que me envolveram e me salvaram da correnteza, por fim, não eram minha imaginação e eram me apresentados diante de meus olhos.

Dos dias que passei ali, deitada sobre a cama, não estava mais solitária, por vezes a garota adentrava o quarto, nem sempre fora pela porta, saltando a janela me assustando, me tirando um pouco de minha solidão e melancolia e me alegrando. Mesmo a noite, a meia luz das velas já não me pareciam mais tão tristes.

Meses se passaram e eu estaria bem de novo, do lado de fora, me alegraria pela notícia e saíra em disparada naquele dia. Havia algumas semanas, em torno de duas, a garota de pele morena não aparecia em meu quarto e parti em busca da mesma. Em vão. Recebi a notícia tardia de que ela não estaria mais por perto a um tempo, não me avisaram antes para não me entristecer e antes que ela pudesse voltar, a minha família que precisaria partir.

Anos se passaram sem que pudesse vê-la, já em meus dez anos de idade, foi a segunda vez que tive contato com a mesma em um desfile de um evento em festa em Midori. Todos estavam arrumados e elegantes, não seria diferente com ela, passos sutis encurtavam nossas distâncias, até que a vi envolvendo-se em algum tipo de confusão com uns delinquentes. Meus punhos apertados, uma certa fúria, mas, nada fora feito por mim antes que a mesma em um festival de elementos destruísse os vândalos, como um show de fogos para o evento. As próprias pessoas em volta acharam ser algo para o evento. O golpe final da mesma, foi destinado a mim, quando ali nossos olhos se cruzaram, mas ela não sabia quem eu era. Sorri, apesar de querer chorar, a parabenizei por lidar bem com os mesmo e caminhei evento a dentro me distanciando.

Não poderia culpá-la, os anos foram muitos e minha aparência é um pouco trivial, naquele dia foram quatro, hoje jazem sete anos. Em meio as lembranças confusas, sentada sobre a cadeira de minha primeira lição como estudante a ninja, surpreendida pelo destina por mais uma vez me pego de frente a ninja de pelo morena e belos olhos. Não somente ela parece mais madura, mais forte, sinto que eu mesma já não a vejo mais com os mesmos olhos, como apenas a garotinha que me ajudou aquele ano fatídico.

Se ela não lembra-se de mim, minha decisão não é culpá-la ou me entristecer por tais aspectos levianos, desta vez, farei com que seja inesquecível e minha presença não poderá ser ignorada. As coisas apenas facilitaram-se, quando me surpreendendo ela entrou por aquele campo de treinamento, sendo a ultima integrante do time três.

O resto não é um conto, o futuro é o que lhe reserva.